Saudações amigos escrevedores

Esse tema é de conhecimento até de índios brasileiros é claro.
Sem muito me aprofundar é só ir em Brasília
ou ver pela tv, um ladrão comum ser entrevistado
porque roubou 600 milhões e foi preso e não gostou
do tratamento carcerário.
É mole?
Bem, vendo a amiga Margaret falar da "malandragem original"
que nasceu no Rio das gafieiras,
embarquei nessa canoa e deu nisso...
Espero que gostem



Margaret Pelicano
&
Marcos Milhazes***

 
Ser Malandro

Pelo menos uma vez na vida
queria ser malandro!
Com graça! Com muita graça!
Só usar terno branco,
chapéu de palha meio "escantilhado"
sapatos bicolores,
 ter muitos amores,
sambar como ninguém,
ser muito respeitado no bairro,
 não ser gigolô
e se o fosse,
fosse por amor à profissão do prazer!

Ser Malandro,
 dar nó em gota d'água,
ser um conto de fada,
ter ginga,
e com uma chic bengala,
balançar no ar o chapéu,
sair na escola de samba
e na quarta-feira-de-cinzas,
 render graças aos santos,
seguir procissão,
 sem deixar de olhar cupidamente os decotes,
os saiotes,
os tornozelos, os braços femininos...

Ser malandro, o bom malandro!
Fazer fricote,
 despertar carícias, vontades, desejos,
 uma cachacinha e de tira-gosto... o mineiro queijo;
fumar para ser elegante e não por vício:
soltar a fumaça espiralada,
enquanto com o olhar espichado,
acompanhar a mulher que passa
rebolando, cintura fina, luvinhas de rendas nas mãos!
Chorar se preciso, para poder conquistar um coração!
E amá-lo, e não desprezá-lo!
Preenchê-lo com carinhos, até a exaustão!

Sim, quero ser, pelo menos uma vez, um esperto malandro!
 
Margaret Pelicano
Brasília - DF  15/11/20


Um Cara Maneiro

E lá vai ele
De chapéu panamá
Das roupas de linho enrugadas
e cheirando a perfume Royal Bria,
o cara da volta até em freira
Se diz de pobre, arranja um cobre na igreja
e cai na esteira, rala peito na maior

Não ta ai para nada
Vive nas madrugadas,
como morcego, dorme o dia inteiro
e acorda sempre com um olho colado e um aberto
reclamando sempre que tem gente no banheiro

Mais uma dia de malandragem,
Cara de pau, quando faz a barba
Só falta cair serragem
Sempre muito e se achando bonito e elegante
Com seus gestos e devaneios cumprimenta
o mundo inteiro
Sempre na carona ele detona
Se convida nos bares da vida
Tira uma onda de xerife da vizinhança
levanta e nunca tem um qualquer para pagar a conta

Fila um cigarro, esperto e intransigente, fala
É pessoal, cigarro faz mal para gente
Só fumo quando estou com dor de dente
Quando a coisa fica preta, sempre arruma uma
partida.
Se ganha uma dura, dá uma de:

"quem sabe com quem ta falando"?
Para ai sr. policial, corri com medo da bala perdida
e não adianta esculachar na medida
Ou me prende ou tô de saída

A noite chega e lá está ele na porta da gafieira
Elite
As horas vão passando e nada de bonde, aquele que entra
de graça
Olha naquele enorme bolso duro igual um côco
numa última tentativa mas sabe que ali só tem o lenço amassado.
Como já é manjado nas paradas
 o segurança da um toque
Ae mané, sai de banda, cai na folha,
sai de fininho com um bom mocinho

Se acham que o cara se aborrece, se enganam
Sempre maneiro diz para a segurança:
Ai mano da dura, quem sabe lá
na frente sempre pinta um lance jóia
Você rala nas madrugas, agüenta bêbados e mauricinhas
e até leva um sacode e sai na pior

To te filmando mané, se liga
Se você olhar direito vai sacar,
que não sou navalha aberta e nem fio desencapado
Fica frio e não me tira como escória

Sempre acabo bem nessa ou naquela história...

Marcos Milhazes***

 

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