JANELAS
 
Haja chuva ou ventania,
no inverno ou no calor,
a janela tem mania
de um espreitar sem pudor...
Testemunha, alcoviteira
que revela ou denuncia,
ao abrigo da soalheira,
ela esconde... ou anuncia...
 
A janela enxerga longe
um fato sério ou banal
à socapa espia o monge,
 ou o arrufo conjugal...
A fresta d'uma janela
pode ser uma armadilha
tudo que passa por ela
é bom tema de "partilha":
 
Promete sonho à criança
alenta o velho a esperar...
Mirante que não se cansa
da vida sempre a passar...
Descerra-se no calor,
vedada se é grande o frio,
acena com uma flor,
acolhe um gato vadio...
 
Olho a janela sem riso
sem bate-boca, arrelia,
parlatório onde o juízo
é sempre o prato do dia...

Traga Zéfiro nas asas
a orgia de outros ventos
a fecundar as janelas
co’a primavera de alentos.
Soprem ventos de Levante
a clausura sufocante,
libertem, por piedade,
o Canto desta cidade!
 
Sylvia Cohin
Portugal, 22.09.2007
 
Midi - Guaglione - Renato Carosone
 
 

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