Saudações amigos escrevedores...

Eu e a amiga Elen, a despeito da desesperança
fabricada por mãos mandantes, em nosso modo
de protestar quanto aos desmando que levam nossa
sociedade ao caos, tal "A Bela e a Fera" 
Escrevemos algo...
Veja abaixo se vocês concordam...
Boa leitura

 
 
"Duetos de outono"
 
           
Marcos Milhazes***
 &
Elen de Moraes
 

 O ESCULTOR DA VIDA

Hoje um dia qualquer levantei cedo.
Será a mesmíssima rotina de minha vida.
O relógio corre atrás do tempo,
eu atrás da vida.
Sempre com o meu relógio sem ponteiros.
Apenas, consciente do dia e da noite.

Vi-me caminhando por ruas estreitas ou largas,
nuas da noção extravasadas e enganadoras.
Existindo a toa e a mercê dos morcegos cegos

Às vezes o vento falava comigo,
pássaros tentavam indicar-me segurança
Minha mão trêmula e dedos inertes,
e meu relógio que não sabe marcar a hora.
O dia se esvai, hora de dormir.
O céu veste seu roupão negro,

Apenas sobrevivi nesse canto da vida,
ávida de saber-se vivida

E se meu amanhã for hoje?
Aos meus ponteiros cabe-me
 fazer uma auto-proposta.
Serei o escultor do meu tempo.
Sim, esculpir com demência minha permanência
Só depende de mim, aplicar com arte
viver, amar, trabalhar.
Sim, a despeito de atos e fatos
Exerço com jeito a mania de insistir

Sim, só depende de mim existir...

Marcos Milhazes***
 
FOICE DO TEMPO

Acordo o tempo
Do seu letárgico sono
Pra sorver todo néctar
Da tenra flor do abandono
Da efêmera juventude
Que vaga desajustada
Nas madrugadas da vida
Cuja memória é estrada
Que balbucia e chora
Doída perda de sonhos
Por suas esquinas afora

Acordo o tempo
Apago as luzes das dores
Para mostrar que a vida
Escorre entre os horrores
E os meios-fios das rugas
Ao longo das avenidas
Lavadas e empoçadas
Pelo sangue ali vertido
Dos olhos da violência
Que por cruel abandono
Perdeu a sua inocência.

Acordo o tempo
Antes de a noite escoar
Para que tenha mais tempo
De outros sonhos sonhar
Caminho no beiral do dia
Onde a vida se refaz
Em gomos de fantasia
Em meio às névoas do cais
Degusto minha agonia
Pois contra a foice do tempo
É vã qualquer alquimia
Inútil qualquer passatempo
 
Elen de Moraes
 

Midi - Roda Viva - Chico Buarque de Holanda

 
 
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