Anos Dourados

É com uma imensa saudade que faço esse escrito.
Trata-se da minha adolescência entre os anos de 60 e 70.
Entre meus 12 e 22 anos de vida, vivi intensamente esses anos.
Era quase uma lenda de tão mágico que foi.
Com meus 13 anos, já trabalhava de carteira assinada na Souza Cruz. E na sexta-feira o chão do subúrbio tremia depois das 22 horas. Era a nossa forra!!!
Os bailes nos clubes da Piedade, Quintino, Engenho de Dentro, Irajá com Ed Lincoln, Jhonny Maza, Tabajaras, Copa Sete e outros.
O bicho pegava maneiro sem drogas e confusão.
Tudo era maior.
As minas de cílios lindos e perucas longas cheias de laquê.
Na verdade eu não gostava, pois parecia linha de pipa com cerol. Aconteceu comigo na época.
Foi uma morena de longos cabelos negros naturais e sedosos de olhos de cristal. E na hora do original, pensei!!!
Pô, não foi uma loira que ganhei no baile.
Mas claro, foi paixão na hora. Bem, voltemos a paquera.
A paquera, as intenções sempre profanas, a mini saia, o umbiguinho a amostra que assanhava o dito cujo.
E o pior que naquela época usava-se cueca samba canção.
Explico: Era um tipo um calção com braguilha e sem botão e o pinto fugia a todo o momento e babava no tecido e o manchava. Era um desespero para a dama não notar a matriz.
Ah, era quase um atentado ao pudor quando elas vinham de calça Saint–Tropez. Meu Deus!
Um palmo abaixo do umbiguinho e o que cobria a pombinha  que morava naquele imenso quadril e tinha como felizardo  aquele cinto largo e fivela de metal. Era uma senhora provocação.
E quando o baile era com o Simonal? Ele provocava a turma lá do palco e rindo sempre dizia:
- Nem vêm que não tem. Não vem de escada que o incêndio é no porão
Aeee malandragem, fotografa a mina, mas não queima o seu filme,valeu?
Caramba! E nas festinhas americanas?
Salgadinho rolando, Cuba Libre subindo ao som dos Românticos de Cuba e a Orquestra Imperial sacudindo.
No carnaval, sarongues e coelhinhas sem sutiã. O pessoal ficava imaginando elas nuinhas.
Nossa o que é isso! Era o maior buchicho no ar
Era um encanto e um deprimente abstrato para a rapaziada.
Muito pior. Era uma mais linda que a outra. Os olhos não davam conta. Era bacana. Dali surgia, namoro, noivado e casamento. Era assim a escalada. E quem era da época e não viveu isso e não aproveitou.
Bem feito! Perdeu!!!
Quem viveu intensamente, sabe o tesouro que possui.
E aos jovens de hoje e ontem, como meus filhos de 31 e 36 anos e agora meus netos, Lucas de 3 anos e Davi de 6 meses, lamento de coração, pois nunca mais terão essa oportunidade, pois foi uma época de ouro mesmo.
Hoje digo com autoridade.
Gostaria de fugir para o passado e viver tudo outra vez e se possível, levando todos que realmente amo
Sinceramente!
Se tal milagre existisse, embarcava nele agora e deixava tudo o mais para traz.
Verdade!!!!

Marcos Milhazes***

 
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